9/21/2006

Hipólita (4)

Lá vai Hipólita com grande confiança descendo a rua. Lá vai ela. Chega ao café, sobe as escaditas e lá está ela no segundo piso, sozinha, tentando escolher a melhor mesa. Claro que escolheu a pior, mas é a mesa dela, aquela mesa que apanha com o frio do ar condicionado. Mas nada estava perdido, pois Hipólita levou o seu melhor casaco. Isto era uma visita ao café a sério.
Segue-se o ritual:
-Tira da mala mal cheirosa os óculos (é pitosga coitada).
-Tira da mala mal cheirosa o tabaco.
-Tira da mala mal cheirosa o caderno.
-Tira da mala mal cheirosa o walkman.
-Tiraria da mala a caneta preta (caneta esta que ela fixou o olhar vezes sem conta em casa).
-"A Caneta?"
Mas afinal onde estava a porra da caneta. Posso afirmar, que para Hipólita o caldo estava defenitivamente entornado.
Pior que estragada bebe o seu café (já frio) de enfiada, e sai disparada café fora. Pois o momento pelo qual tanto trabalhou para ser o melhor do dia, estava prestes a ser um verdadeiro inferno, tudo por causa da caneta preta.
Chega a casa, bebe uma garrafa de vinho carrascão de pacote, e dorme estatelada no chão nojento de casa que não é limpo há mais de um mês. Um bocadinho de pó, um ataque de asma,e uma overdose de método fazem daquele dia, um dia condenado.