10/01/2006

Hipólita (5)

Ahh!!! Que belo dia! - murmurava Hipólita logo pela manhã.

"Belo dia" - para Hipólita "BELO DIA" é o mesmo que: Ora está um sol que não se pode, agora da esquerda surgem umas nuvens intensas bastante cinzentas, seguidas de aguaceiros maçadores, que não param nem por nada. Obviamente não há trovoada, porque ela adora luz dos raios. O mundo gira à volta do humor dela.

Portanto, corrigindo, "AH! Porque é que acordei Hoje?".

Acordada estava a menina Hipólita, assim, levanta-se, calça os chinelinhos, dirige-se para a cozinha, e lá estava, Café. O ritual de sempre, aquece a água, prepara o café, e procura o açúcar numa das 10 caixas (nunca se sabe quando aparecem formigas para destruir o lar e a paciência de uma alminha).
Até este ponto, tudo bem. Não fosse hipólita morar num quarto andar. Mas continuando, Abre a janela, respira fundo, vê as pessoas a correrem para o trabalho, e entre piu-pius e sirenes a tocar, ela bebe seu Café (um balde de Café aliás).
Entretanto, não sabe ela como, nem porquê... mas assustou-se com um barulho qualquer! Pois, e com o barulho, entornou o Café a ferver, mesmo em cima da vizinha do terceiro andar. Que rebaldaria para ali foi, desde insultos a ai-ai-ais.
- "Neste prédio é só gente maluca, pederastas, criancinhas, anormais e gatos, é um cheiro neste prédio que não se pode, cambada de porcalhões..." - e nisto, a vizinha foi tratar da queimadura. Mas voltou...
- "E você (dedo indicador bem levantado, na direcção de hipólita), sim você meu estafermo, você não perde por esperar, ISTO NÃO FICA ASSIM!! Não fica não. Maluca, tarada, só bebe café...parasita..."
E nisto Hipólita de sorriso rasgado atira o resto do Café para cima do estendal da vizinha, onde secava roupinha branca, acabadinha de esticar...